sexta-feira, 16 de março de 2012


cnicas e películas a preto e branco e equipamento necessário
a preto e branco utilizo normalmente film

Materiais sensíveis e reagentes
Película. Para a fotografia e Ilford, que adquiro em rolos de 30 m. À medida que vou necessitando, preparo tiras de 1,6 m, suficientes para 36 fotogramas, que introduzimos em cassetes de plástico, de fácil abertura, já vendidas para este efeito. Como a preparação e bobinagem das tiras terão de ser feitas em escuridão total, coloco previamente todos os instrumentos necessários (cassete já aberta, tesoura, fita adesiva já cortada no comprimento certo, duas molas de roupa para adaptar às pontas do filme e evitar que ele se enrole) em locais muito bem conhecidos, de modo a poderem ser facilmente detectados por apalpação. A medição do comprimento da tira é feita por recurso a duas marcas feitas na porta da câmara escura.
Dado que 30 m de filme dão para uma eternidade, conservo sempre o material por usar bem acondicionado no frigorífico (não no congelador), pois admito que a baixa temperatura possa contribuir para a sua melhor preservação.
Papel. Há vários tipos de papel: da Kentmere, da Ilford e da Agfa. Depois de algum tempo gostei do Agfa Multicontrast Premium de superfície semi-mate. É um papel RC que permite tons quentes muito ligeiros e que obedece bem às viragens. Gosto particularmente do seu acabamento semi-mate. O grande inconveniente é o preço, uma vez que é dos mais elevados do mercado.
Reveladores. Para a revelação de películas tenho utilizado o Ilfosol S na diluição de 1:14 (1 parte de concentrado para 14 de água). É um revelador fácil de manipular, relativamente barato e que proporciona grão adequado para ampliações de 7-10 vezes. O revelador diluído deve ser preparado imediatamente antes de ser usado e serve unicamente para a revelação de um rolo.
Na revelação de papéis a minha preferência vai para o Agfa Neutol WA, que proporciona (pelo menos com o papel Agfa que uso) imagem com tons quentes. É um revelador económico e que é usado bastante diluído (é recomendada a diluição de 1:11). Para esta diluição o fabricante recomenda que se use a solução nas 24 horas seguintes à sua preparação. Normalmente não sigo este preceito, pois tenho constatado que o produto mantém as suas características muito para além deste prazo.
Os reveladores concentrados conservam-se razoavelmente bem, desde que estejam em frascos cheios e bem fechados. Para aumentar a sua longevidade divido-os por vários frascos de 70 ml (servem perfeitamente os frascos usados para a venda de acetona e que se encontram facilmente nos supermercados) que encho completamente. Se sobrar algum produto recorro a um ou dois frascos menores (30 ml), de modo a que também fiquem completamente cheios. Se o último destes frascos ficar parcialmente cheio, por insuficiência de produto, então conservo-o no frigorífico até à próxima utilização.
Banho de paragem. Utilizo banhos análogos para a paragem da revelação em película e papel: solução a 2 % de ácido acético. No mercado há vários concentrados a preços razoáveis, muitos dos quais incluem um indicador que permite detectar, por mudança de cor, o momento da exaustão do banho. Ultimamente tenho usado o Kodak Max-Stop na diluição de 1:15.  O banho serve até a sua cor passar de amarelo a laranja. Caso não se pretenda adquirir estes produtos, pode usar-se vinagre diluído (1 parte de vinagre para 3 de água).
Não há problemas de conservação do produto concentrado.
Fixadores. À semelhança do banho de paragem, uso o mesmo produto para a fixação de películas e papéis. O produto que estou a usar é o Agfa FX Universal na diluição de 1:7 (os fixadores são basicamente semelhantes, pelo que a marca não é muito importante). Interessa frisar que, não obstante os fixadores poderem ser os mesmos para filmes e papéis, é conveniente que se tenham banhos específicos: um só para filmes e outro só para papéis. A razão de ser desta exclusividade assenta na diferente composição das emulsões, com destaque para a das películas que, devido à presença de corantes e de iodeto de prata, satura mais rapidamente o fixador.
O concentrado conserva-se bastante bem, desde que em frasco bem fechado.
Agente Molhante. A utilização de um banho molhante como parte final do processamento da película é importante, a fim de permitir uma distribuição uniforme da água após a lavagem. Com esta uniformização eliminam-se, em grande medida, as gotículas de água e reduz-se as manchas e depósitos de sais após a secagem. Os molhantes são todos semelhantes. Utilizo o Agfa Agepon, com a diluição de 1:200 em água desmineralizada (dado que a finalidade é eliminar os depósitos de sais, convém usar mesmo água desmineralizada, desionizada ou destilada).
Branqueador. Utilizo branqueadores no processamento de papéis em duas situações distintas: para branquear partes específicas de uma prova, em situações em que a fotografia está genericamente boa, mas apresenta pequenas áreas com densidade exagerada, ou quando pretendo substituir, no todo ou em parte, a prata metálica por outra substância, seja para melhor preservação, seja para conseguir efeitos cromáticos especiais. Como branqueador utilizo solução de ferricianeto de potássio, normalmente complementada com brometo de potássio, que preparo no momento da utilização.
Viragens (toners). Com excepção do selénio, preparo os meus banhos de viragem a partir dos seus componentes. O toner de selénio que utilizo é o Kodak  Selénio Rapid Toner, numa concentração de 1:5 a 1:20, consoante o efeito que pretendo. Para viragens para sépia, vermelho e azul, utilizo banhos à base de tio carbamida, cobre e ferro, que preparo no momento da utilização.
                 Revelação de Películas
A revelação de películas é uma operação delicada, por duas razões fundamentais: por um lado tem de ser realizada em completa escuridão, não sendo possível o acompanhamento visual do processo e a correcção atempada de eventuais desvios; por outro lado, os negativos destinam-se normalmente a posterior ampliação, o que evidencia largamente os eventuais defeitos resultantes de uma revelação conduzida em condições inadequadas. Dada a grande variedade de aplicações da fotografia, com objectivos normalmente diferentes, a escolha do revelador a usar e dos parâmetros operatórios (duração, temperatura e agitação) deve ser feita criteriosamente, sempre em estreita relação com a selecção da película, e tendo em conta o fim em vista. Se bem que haja reveladores de aplicação geral, que garantem resultados finais aceitáveis com a maior parte das películas, a escolha do produto mais adequado para um determinado fim não pode ser dissociado da escolha do filme, e representará sempre um compromisso, em que para se privilegiar algumas características consideradas mais importantes se tem de ceder noutras. Assim, há formulações mais adequadas para proporcionar grão fino, e que normalmente não favorecem a sensibilidade do filme e o detalhe da imagem; outras que tiram o máximo proveito da sensibilidade do filme, mas que não implementam a qualidade do grão nem o detalhe; outras que dão negativos com grande definição mas com sacrifício do grão.
Para além da escolha do par revelador-película mais adequada, o modo de condução da revelação é essencial para a obtenção de um negativo de qualidade. Como o processo é realizado às escuras, todo o controle assenta, como se disse, na observação correcta dos parâmetros operatórios: a influência que estes têm na revelação de películas é extremamente acentuada e os desvios têm grande impacto, essencialmente no contrate e no grão. Os fabricantes dos produtos indicam as condições padrão a observar, mas deve ter-se em conta que estas são definidas para um tipo de película e contraste padronizados e para um determinado modelo de agitação. Resulta, por vezes, que com o tipo de película e com o modelo de agitação utilizados se produzem resultados diferentes do esperado, e que o contraste não é o que agrada mais, pelo que não é invulgar ter de se ajustar o tempo de revelação ao longo dos processamentos, até se atingirem os resultados que se procuram. Convém ter sempre presente que, para o caso das películas, a variação das condições operatórias actua sempre no mesmo sentido: se as demais variáveis forem mantidas estáveis, o incremento da duração, ou da temperatura do revelador ou da intensidade da agitação conduz sempre ao aumento do contraste e do grão do negativo. Das três variáveis, a mais difícil de definir é a agitação, pelo que, uma vez estabelecido o modelo, ele deverá permanecer sempre inalterável.